Avançar para o conteúdo principal

A primeira consulta

    A primeira consulta de apoio à fertilidade já aconteceu há um mês. Desde esse dia que quero vir aqui escrever mas não sei como passar o que estou a sentir por palavras. Ia com uma expectativa de mais esperança, na minha cabeça esta primeira consulta seria a espera mais longa desta procura por ajuda, mas a realidade não é bem essa. Com sorte, temos ainda mais 3 meses de espera para, possivelmente, descobrir aquilo que nos está a dificultar a concretização deste sonho.


    A médica que ficou connosco foi super simpática e tentou explicar-nos que aquilo que estamos a passar é mais normal do que se imagina e, que por vezes, não conseguem arranjar uma justificação para o que está a acontecer e pode ser apenas um jogo de probabilidades que não estamos a conseguir ganhar. Ou seja, as notícias não foram tão animadoras como estava à espera e ainda temos que esperar por burocracias para que se possa avançar com os testes possíveis, nem quero imaginar o processo que será se tivermos de fazer algum tipo de tratamento. Esta caminhada por si só é bastante dolorosa, acrescentar mais papelada e tempos de espera em cima, só piora toda a situação. Mas continuamos na luta.

    Como estava com mais esperança, foi muito difícil lidar com mais um início de um ciclo. Eu sei que a parte psicológica interfere com o resultado, mas, há meses e meses. Se nos últimos meses consegui "desligar" e deixar para lá o facto de mais um ciclo começar, este mês não. Este mês as lágrimas voltaram, tive uns dias que acabei por me sentir mais em baixo e tudo aquilo que aparecia relacionado com filhos e bebés parecia que só me magoava mais. Mas, sou eu que me estou a magoar, sou eu que não estou a saber lidar com a desilusão. Sou eu que gostava que este caminho fosse mais fácil e tão bonito como vemos nos filmes, mas não é essa a nossa realidade. Infelizmente a vida não é perfeita e, parece que quanto mais queremos algo, mais difícil se torna o caminho.

    Não consigo deixar de me sentir injustiçada, tantas notícias se ouve de "pais" que maltratam os filhos, que matam, que violam, que fazem coisas horríveis e depois temos casais, como eu e o meu companheiro, que têm imenso amor para dar e simplesmente não podem, porque a natureza não deixa. Como é que consegues lidar com isto? Apenas com esperança e fé que dias melhores virão e, enquanto eles não chegam, vamos tentando colocar o problema num canto e viver a vida como se estivéssemos completos, mesmo quando não é isso que sentimos.

    E seguimos em frente neste caminho.

Até à próxima aventura,

ASilva

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A estimulação

Inicialmente estava a pensar em apenas escrever aqui sobre o primeiro dia da injeção, mas acho que vou acabar por falar aqui um pouco do processo todo até ao dia em que vamos fazer a transferência. Acho que esta fase é das que causa mais ansiedade, até porque não há assim grande informação sobre ela e cada caso é um caso. E decidi contar-te o meu, porque pode ser que te ajude a ficar mais tranquila, porque nesta fase o que mais precisamos é de paz e tranquilidade. 26-02-2024 Hoje foi o dia da primeira injeção para a estimulação da ovulação. Estava assim ligeiramente nervosa, com imenso medo de partir o frasquinho, de fazer alguma coisa mal, mas correu bem. Consegui dar a injeção a mim própria sem problemas e, efetivamente aquilo não dói, é uma ligeira picada que mal sentes, e como é uma espécie de caneta onde só tens de carregar num botão, mal sentes o que está a acontecer. Ao primeiro pensei que ia me fazer confusão ter de espetar a agulha em mim própria, mas a verdade é q...

Ala D

Citação Preferida : "Um diagnóstico de doença mental não é uma sentença de morte" Autor: Freida McFadden, é o pseudónimo de uma escritora e médica norte - americana que ficou conhecida pelo seu livro A Criada (se ainda não leram é uma óptima opção para começarem, as histórias da Millie são incríveis!). Autora de vários thrillers psicológicos, todos eles bestsellers e, neste momento, é uma das minhas escritoras favoritas, sempre que sai um livro dela tenho de o ler porque sei que vou adorar.  Minha Pontuação : ⭐⭐⭐⭐⭐ O Ala D começa por nos contar a história de Amy, uma estudante de Medicina que está a finalizar a sua graduação onde tem de percorrer as várias especialidades existentes. Ela adiou o máximo que pôde o seu turno noturno numa ala psiquiátrica fechada. Amy, tem no seu passado coisas que não quer que sejam descobertas e que a fazem ter receio de voltar àquela ala. Para além de todo o medo que Amy já sentia, alguns pacientes e seus colegas de estágio começam...

A hora do luto

     E hoje venho escrever-vos numa das alturas que me estou a sentir pior. Lembram-se de eu dizer que estava a tentar ver as coisas pelo lado positivo, apesar do diagnóstico que tivemos, que estava conformada com esta nova fase? Mas, como sempre, a vida prega-nos rasteiras. Posso começar por adiantar que tive uns dias de pura alegria, de surpresa, mas foi uma fase que durou muito pouquinho, e quando uma pessoa achava que nada mais podia piorar eis que aparece algo que te faz lembrar que não é bem assim, ainda pode vir aí algo que não estejas a contar.      Ora vamos lá começar com a história toda, que começou numa bela manhã de Sol do dia 4 de Agosto, em que acordei e já há alguns dias que estava a estranhar o meu período não ter aparecido, apesar de eu já sentir alguma tensão mamária há algumas semanas, coisa que nunca acontece. Então, apenas por descargo e para tirar a ideia que já estava aqui a ficar implantada, fiz um teste de gravidez, mes...